Exposição Flores Silvestres traz xilogravura ao Museu Paulo Setúbal em Tatuí
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014A xilogravura é uma técnica milenar chinesa. A partir de um molde entalhado em madeira e aplicado em negativo no papel, surgem imagens com as que poderão ser vistas a partir de hoje no Museu Histórico “Paulo Setúbal”, com a Exposição Flores Silvestres, que traz obras do artista plástico Alfonso Ballestero. A mostra segue em cartaz, até o dia 16 de fevereiro, com 28 trabalhos que retratam figuras de moradores de rua da cidade de São Paulo.
Alfonso Ballestero é professor, graduado em educação artística na Faculdade de Belas Artes de São Paulo, pós-graduado com mestrado e doutorado em artes plásticas e poéticas visuais na Escola de Comunicações e Artes da USP. Ministra aulas práticas em várias modalidades em seu ateliê desde 1990 e também atua como professor em instituições renomadas de ensino como a USP e a Unesp.
Ballestero revela que pretende com sua obra retratar a realidade do ser humano, independentemente das condições de vida ou local social que esteja envolvido. “Quando estamos observando suas atitudes, movimentos e afazeres, notamos que seu tempo e seu ritmo são diferentes do nosso. Por exemplo, ao pegarem um pedaço de pão para levá-lo à boca demonstram um prazer invejável e quando o estão mastigando parecem estar mastigando a última e mais deliciosa iguaria que possa existir. Não se precipitam, parece que quererem nos dizer que são donos do tempo, que sem eles o tempo não mais existirá e que em todo o tempo ou em qualquer tempo e, ainda por qualquer tempo, eles existirão e dele sempre terão sua posse e seu domínio”, filosofa.
Já na sexta-feira, 17, o próprio artista expositor ministrará uma oficina de xilogravura. As inscrições são gratuitas e restam ainda algumas vagas. As aulas acontecem das 9h às 12h e das 14h às 17h, no próprio Museu. Os participantes deverão levar um pedaço de madeira com fibra, com tamanho de 15 por 21 centímetros e uma colher de pau grande.
Técnica
A expressão xilogravura na verdade significa “gravura em madeira”. É uma técnica de origem chinesa, em que o artesão utiliza um pedaço de madeira para entalhar um desenho, deixando em relevo a parte que pretende fazer a reprodução. Em seguida, utiliza tinta para transportar o desenho. Na fase final, é colocada uma folha de papel e com uma colher de pau é exercida pressão que faz revelar a imagem. O desenho sai em sentido contrário do que foi talhado, como num negativo fotográfico, fato que exige um maior trabalho ao artista.
A xilogravura é muito popular na região nordeste do Brasil, onde estão os mais populares xilogravadores ou xilógrafos brasileiros. A técnica era frequentemente utilizada para ilustração de textos de literatura de cordel. Alguns cordelistas eram também xilogravadores como, por exemplo, o pernambucano José Francisco Borges.